Quando se fala em Páscoa, qual imagem vem primeiro à sua mente: um coelho ou um cordeiro? Não é curioso que muitos associam coelho e chocolate à Páscoa, sendo que, originalmente, ela celebra a ressurreição de Cristo? Para os judeus a Páscoa é uma festa anual, mas para os cristãos é uma festa permanente.
Muitas pessoas se perguntam sobre a origem dos símbolos da Páscoa e como eles se conectam com o momento mais glorioso da história cristã. Existe um contraste entre o simbolismo da fertilidade representado pelo coelho e a vitória da vida sobre a morte, que encontramos em Jesus, o Cordeiro de Deus. A ressurreição de Cristo é, de fato, o coração da Páscoa.
Este artigo não é sobre abrir mão do chocolate, e sim sobre abrir os olhos para o verdadeiro significado da Páscoa. Embora os símbolos modernos façam parte da cultura atual, nossa proposta é convidar você a redescobrir o propósito original dessa celebração tão especial. Por trás de toda doçura, há uma verdade eterna que não pode ser esquecida: a Páscoa encontra sua plena expressão no Cordeiro que foi entregue para nos dar vida.
A Páscoa: Uma Festa de Libertação que Transcende o Tempo
Mais do que uma simples festividade, a Páscoa é um marco espiritual com raízes na história do povo de Israel. Sua origem remonta a um momento decisivo: a libertação dos hebreus da escravidão no Egito. Na noite da décima praga — a morte dos primogênitos — Deus orientou que cada família marcasse os umbrais de suas portas com o sangue de um cordeiro sem defeito. Esse sinal protegeria suas casas da destruição, conforme registrado em Êxodo 12. Assim, nasceu a celebração da Páscoa: um símbolo eterno de livramento, fidelidade divina e redenção que continua ecoando através das gerações.
A Primeira Páscoa: Um Ato de Obediência e Livramento
A primeira celebração da Páscoa não foi apenas um rito religioso, mas um ato de fé e obediência. Conforme registrado em Êxodo 12:1-14, Deus deu instruções claras a Moisés para que o povo seguisse cada detalhe com precisão, revelando assim a fidelidade e a proteção do Senhor sobre os que confiam em Sua Palavra.
A Escolha do Cordeiro
Cada família deveria separar um cordeiro sem defeito no décimo dia do primeiro mês do calendário judaico. Esse animal seria sacrificado no 14º dia, tornando-se um substituto — morrendo no lugar do primogênito da casa, como proteção diante da décima praga (Êxodo 12:5-6). Esse ato apontava profeticamente para Jesus, o Cordeiro de Deus, que séculos depois, morreria no lugar da humanidade.
O Sangue como Sinal de Proteção
O sangue do cordeiro deveria ser passado nos umbrais das portas, representando a obediência e a fé no livramento divino. O próprio Deus declarou: “O sangue será um sinal para indicar as casas em que vocês estiverem; quando eu vir o sangue, passarei adiante” (Êxodo 12:13). Veja porque o sangue do cordeiro é um símbolo da Páscoa. Um sinal que gerou proteção e garantia de vida.
A Ceia da Libertação
A refeição da Páscoa também tinha um forte significado. O cordeiro deveria ser assado e servido com pães sem fermento e ervas amargas (Êxodo 12:8). O pão ázimo simbolizava a pressa da saída do Egito, sem tempo para esperar a massa crescer, enquanto as ervas amargas lembravam o sofrimento da escravidão (Êxodo 12:8). Cada elemento apontava para a transição do cativeiro para a liberdade — uma liberdade que, em Cristo, se torna completa e eterna.
Um Memorial Eterno da Fidelidade de Deus
Deus estabeleceu a Páscoa como um memorial perpétuo, a ser celebrado por todas as gerações como símbolo da libertação e da fidelidade divina. A ordenança é clara: “Este dia será para vocês um memorial, e o celebrarão como festa ao Senhor; de geração em geração, o celebrarão como decreto perpétuo” (Êxodo 12:14).
Embora o sacrifício do cordeiro tenha cessado com a destruição do Templo em Jerusalém, a celebração da Páscoa judaica continua viva e significativa. O jantar simbólico (Sêder de Pessach) mantém elementos que narram a história do Êxodo, como o pão sem fermento (matzá) e as ervas amargas. As famílias se reúnem para contar os milagres da libertação e reforçar às novas gerações o valor da tradição, da obediência a Deus e da esperança em Sua redenção.
Para o cristianismo, no entanto, a Páscoa não e uma celebração anual, mas uma lembrança perpétua.
A Simbologia e o Cumprimento do Cordeiro Pascal
Com a vinda de Cristo, a Páscoa ganhou uma nova dimensão, quando João Batista proclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”(João 1:29). Nesse momento, a figura do cordeiro pascal, tão familiar na tradição da Páscoa judaica, ganhou um novo significado. Jesus, o Filho de Deus, torna-se o Cordeiro perfeito.
O Significado Profético da Festa
Assim como o cordeiro sem mácula era oferecido pelos israelitas para livrá-los da escravidão no Egito e da morte, Jesus Cristo, o Cordeiro sem pecado (Hebreus 4:15), entregou-se voluntariamente para nos dar vida, cumprindo o significado profético dessa festa e para garantir a salvação espiritual de todos os que confiam n’Ele. Sua morte e ressurreição são o cumprimento da promessa de Deus de libertar Seu povo de uma escravidão ainda mais terrível: a escravidão do pecado.
O Cumprimento Perfeito da Páscoa
Enquanto a Páscoa judaica é celebrada anualmente como um memorial da saída do Egito, a Páscoa cristã é vivida de forma contínua. Isso porque, com a vinda de Cristo, não é mais necessário sacrificar cordeiros ou comer ervas amargas. Ele é o Cordeiro definitivo, e Sua obra redentora é suficiente para todos os tempos.
Por isso, em vez de uma celebração anual, os cristãos vivem a Páscoa diariamente, por meio da fé e da prática da Ceia do Senhor. A Ceia, instituída por Jesus na véspera de Sua crucificação, substitui os antigos rituais e nos convida a lembrar, com reverência e gratidão, que Ele entregou Seu corpo e derramou Seu sangue por amor a nós (Lucas 22:19-20).
O Significado da Ressurreição: Triunfo da Vida Sobre a Morte
A Páscoa cristã não se limita à lembrança da crucificação, mas celebra o triunfo da vida sobre a morte. Como afirma o apóstolo Paulo em 1 Coríntios 15:20: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo as primícias dos que dormem”. Significa que Jesus foi o primeiro a ressuscitar com um corpo glorificado e “Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus, por meio de Jesus, trará com ele aqueles que nele dormiram” (1Tessalonicenses 4:14). Ou seja, Deus tem poder sobre a morte e os que morrem em Cristo, “naquele grande dia”, também ressuscitarão.
Quem Venceu a Morte, Além de Cristo?
Aqui está uma questão intrigante: alguém além de Cristo já venceu a morte? Algumas pessoas foram ressuscitadas na história bíblica, como Lázaro (João 11:43-44) e o filho da viúva de Naim (Lucas 7:14-15), mas todas elas morreram novamente. Somente Jesus ressuscitou para nunca mais morrer. A ressurreição de Jesus Cristo destruiu o poder da morte, mostrando que ela não tem a palavra final.
O Senhor da Vida e da Morte
“Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão?” (1 Coríntios 15:55). Entre todas as questões que a humanidade enfrenta, a morte sempre foi considerada o fim inevitável. Mas Jesus Cristo quebrou esse paradigma ao vencer a morte com Seu próprio poder. Em Apocalipse 1:18, Ele declara: “Eu sou aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Tenho autoridade sobre a morte e sobre o mundo dos mortos.” Nenhum outro líder, filósofo ou figura histórica fez tal afirmação e a confirmou com sua própria ressurreição.
Isso significa que Cristo não apenas venceu a morte – Ele a governa. Aquele que tem as chaves e autoridade absoluta. Nada está fora do Seu alcance, nem mesmo o que para nós parece impossível.
Se Jesus Venceu a Morte, O Que Ele Não Pode Fazer?
O teólogo Timothy Keller escreveu: “Se Jesus ressuscitou, então isso muda tudo. Se Ele realmente venceu a morte, então temos esperança até mesmo nas circunstâncias mais sombrias”. Se Cristo ressuscitou, então não existe barreira que Ele não possa quebrar, dor que Ele não possa curar, vida que Ele não possa restaurar. O mesmo Deus que deu vida ao Seu Filho é poderoso para transformar qualquer situação, “Pois para Deus nada é impossível” (Lucas 1:37).
Quando Jesus foi crucificado, o adversário pensou que havia encerrado o plano de redenção de Deus para a humanidade — da mesma forma como se intrometeu no Éden, com Adão e Eva. Mas havia um segredo que ele não conhecia: a ressurreição! O terceiro dia revelou o triunfo do Céu. Cristo venceu a morte e, com Ele, nos deu acesso à vida eterna.
O Coelho e o Chocolate na Páscoa: Surgimento e Significados Culturais
A tradição de usar coelhos e ovos de chocolate na Páscoa é amplamente difundida em países ocidentais, especialmente na Europa e nas Américas. Mas será que esses elementos têm alguma correlação com a mensagem original dessa festa?
A Introdução do Coelho na Páscoa
Diferente do significado bíblico dessa celebração, a associação do coelho vem de tradições antigas, ligadas à fertilidade e à renovação da vida. Os povos germânicos celebravam a chegada da primavera com rituais dedicados à deusa Eostre, cujo animal símbolo era justamente o coelho. Com o tempo, essa figura foi incorporada a diferentes tradições pascais, especialmente na Europa.
Símbolo de Fertilidade
A historiadora Barbara Walker, em seu livro The Woman’s Encyclopedia of Myths and Secrets, destaca que o coelho sempre esteve ligado a festivais de fertilidade e ao ciclo da vida, por ser um animal que se reproduz rapidamente. Essa ideia de renovação foi adaptada à Páscoa moderna, tornando-se um símbolo presente em diversas culturas. No entanto, enquanto a Páscoa bíblica celebra a ressurreição e a redenção, o coelho remete a uma perspectiva terrena, focada na renovação da natureza.
O Chocolate na Páscoa: Origem e Popularização
O chocolate, por sua vez, tem uma história mais recente na celebração da Páscoa. Inicialmente, ovos de galinha eram decorados e trocados como presentes, simbolizando vida nova. Mas foi no século XIX, com o avanço da indústria do chocolate, que os ovos passaram a ser feitos desse doce tão apreciado. As fábricas começaram a produzir ovos de chocolate como forma de tornar a Páscoa mais atrativa, especialmente para as crianças. Dessa forma, o consumo do chocolate na Páscoa reflete uma tendência comercial que se fortaleceu ao longo dos anos.
Conclusão
A verdadeira Páscoa não se limita a uma tradição cultural ou a símbolos passageiros. Ela é a celebração viva da maior vitória da história: a ressurreição de Jesus Cristo. Enquanto o coelho representa fertilidade e renovação natural, o Cordeiro de Deus revela a fonte da vida eterna — uma vida que venceu a morte e nos reconecta com o Criador.
Não precisamos mais repetir antigos rituais para experimentar redenção. Em Cristo, tudo foi consumado. A Ceia do Senhor nos lembra dessa nova aliança, onde o pão e o cálice representam um sacrifício que continua a transformar vidas, gerações e destinos. Viver a Páscoa como cristão é carregar, diariamente, a certeza de que a morte foi vencida, o pecado perdoado e a esperança renovada.
Nesta Páscoa, saboreie o chocolate com alegria, se tiver essa oportunidade — mas acima de tudo, não perca de vista o verdadeiro significado da celebração: Cristo ressuscitou! Esse é o detalhe que o adversário não contava. Porque Cristo vive podemos crer no amanhã. Não foi o coelho, é o Cordeiro!
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