Você já tentou “pular” algum processo ou tomar atalho em alguma situação de sua vida? Na era do imediatismo, queremos que tudo aconteça rápido, de preferência “para ontem”. Todos nós gostamos de resultados instantâneos, mas não podemos esquecer que, grandes conquistas exigem tempo, paciência e preparo.
Essa pressa constante gera insegurança, falta de autoridade e, muitas vezes, resultados que carecem de excelência. Você sabia que as maiores figuras bíblicas se submeteram a um tempo de 30 anos de preparação para cumprir seus propósitos de vida? Consegue imaginar que o preparo foi tão objetivo que elas conseguiram cumprir suas missões em apenas alguns meses ou poucos anos?
João Batista e Jesus são exemplos perfeitos. Eles dedicaram décadas ao treinamento, à maturação pessoal e espiritual, para, em tempos relativamente curtos, cumprir seus propósitos com um impacto eterno. Se as maiores missões da história levaram tanto tempo para serem moldadas, o que nos faz pensar que podemos pular etapas essenciais?
O Imediatismo e a Perda do Senso de Maturação
Nuances do Imediatismo
Vivemos em uma era em que até 10 segundos esperando um aplicativo abrir já nos deixa ansiosos. Amamos agilidade, principalmente porque a moeda mais preciosa que temos é o tempo. Entretanto, quando tratamos de realizar grandes feitos, é preciso ir na contramão do mundo moderno, que prioriza a velocidade em detrimento do planejamento e da paciência. Como diria Abraham Lincoln: “Se eu tivesse oito horas para derrubar uma árvore, passaria seis afiando meu machado”. Essa frase nos ensina uma grande lição sobre a importância do preparo. Sem um planejamento adequado, gastamos mais energia para obter resultados fracos e efêmeros.
Consequências do Imediatismo
O imediatismo, embora sedutor, tem transformado o foco e o preparo em virtudes cada vez mais raras e gera consequências que muitas vezes não enxergamos de imediato. Ele produz insegurança e superficialidade, especialmente em áreas que exigem tempo de amadurecimento. A busca por resultados rápidos impede o desenvolvimento de uma autoridade genuína e a construção de uma excelência relevante.
Mentalidade Cristã Contaminada
Essa mentalidade imediatista também se reflete no cumprimento de nossos propósitos. Muitas vezes, desejamos realizar coisas grandiosas, mas esquecemos que cada pequena missão que Deus coloca em nosso caminho é parte essencial do treinamento para algo maior. Assim como João Batista e Jesus passaram por anos de preparação, também precisamos valorizar as etapas do processo que Deus usa para nos moldar, treinando-nos para o cumprimento do nosso chamado.
João Batista: Nascido Para Um Propósito
A Profecia e o Nascimento
O nascimento de João Batista foi cercado de milagres e profecias. Seus pais, Zacarias e Isabel, já eram avançados em idade, e Isabel era estéril. Mesmo assim, um anjo apareceu a Zacarias anunciando que “tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João” e que a criança seria “grande diante do Senhor”. (Lucas 1:13-15). Desde o ventre, João foi chamado para ser o precursor de Jesus, aquele que anunciaria a chegada do Salvador ao mundo. Definitivamente, não era uma missão qualquer!
Clareza do Propósito
João Batista foi predestinado a cumprir sua missão de preparar o caminho para o Messias, como profetizado em Isaías 40:3: “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor.”. Essa profecia é confirmada em Lucas 1:17, que Deus o usaria para “preparar ao Senhor um povo bem disposto”. Esse propósito estava claro desde antes de seu nascimento e isso guiou João Batista por toda a sua vida.
O Treinamento
No entanto, cumprir seu chamado não foi algo imediato. Ele passou 30 anos sendo preparado por Deus, crescendo espiritualmente e emocionalmente. Muitas vezes, podemos nos perguntar: por que certos processos demoram tanto! Mas é justamente, nessas etapas, que Deus nos molda para algo maior. Observe o que diz em Lucas 1:80: “o menino cresceu e se fortaleceu no espírito; e viveu no deserto, até aparecer publicamente em Israel.”. Com base nessa passagem, nós iremos nos debruçar sobre as fases de preparo na vida do profeta e extrair lições para o nosso próprio treinamento espiritual.
“E o Menino Cresceu”
Processo de Crescimento
A expressão “E o menino cresceu” nos mostra que, mesmo com um chamado divino claro e impactante, João Batista teve que passar pelo processo natural de crescimento. Ele não foi poupado das etapas que moldam o caráter e fortalecem a fé. Foram 30 anos se preparando para cumprir seu propósito com excelência. Isso nos leva a refletir: estamos dispostos a passar pelo processo de crescimento, mesmo que demore? A capacitação não acontece da noite para o dia; é um compromisso contínuo que exige paciência e dedicação.
Paralelo com Jesus
Um paralelo interessante pode ser feito com Jesus, que também cresceu em sabedoria e graça, conforme Lucas 2:52: “E Jesus cresceu em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens.” Mesmo sendo Deus, Ele aguardou até os 30 anos para iniciar Seu ministério. Para os judeus da época, um professor só tinha autoridade para ensinar após essa idade, e isso demonstra a importância do tempo de preparação e maturação.
Maturidade para o Chamado
É importante lembrar do que diz Paulo em 1 Coríntios 13:11: “Quando eu era menino, conhecia como menino, sentia como menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” Além disso, Efésios 4:14 nos alerta sobre a importância de não sermos mais “meninos, agitados de um lado para o outro.” O verdadeiro crescimento exige que deixemos para trás comportamentos infantis e abracemos a maturidade que Deus nos chama a viver. Como estamos respondendo a esse chamado?
“E se Fortaleceu no Espírito”
Crescimento Interior
O crescimento de João Batista também envolveu um fortalecimento notável, no espírito. Isso nos ensina que o verdadeiro crescimento precisa ser completo. Infelizmente, muitas pessoas se concentram apenas na aparência, negligenciando a transformação interna que é tão essencial. Em 2 Pedro 3:18, somos incentivados a “crescer na graça e no conhecimento”. Isso quer dizer que não podemos ser apenas um rótulo ou agir como atores, mas realmente, precisamos ter conhecimento, experiência, estatura e estrutura compatíveis com o que apresentamos. Esse crescimento interior é vital para que possamos refletir o caráter de Cristo em nossas vidas.
Sinais de Maturidade
A maturidade espiritual envolve vencer barreiras internas como orgulho, vaidade, raiva, impaciência e rancor. Essas emoções nos aprisionam e impedem nosso avanço no propósito que Deus tem para nós. Se não as vencermos, elas nos vencem. Os frutos do espírito mencionados em Gálatas 5:22-23, são sinais claros de que estamos crescendo em maturidade espiritual. Dessa forma, enfraquecendo a carne e fortalecendo o espírito é que João Batista finalizou seu período de treinamento.
Discernimento do que Convém
João Batista precisou desse tempo de preparação para aprender a discernir o que era essencial para sua missão. A maturidade nos ajuda a discernir o que não nos convém e a focar no que realmente importa, entendendo que viver o propósito de Deus exige um coração fortalecido que triunfa sobre a carne.
“E Viveu no Deserto”
Solitude
João Batista escolheu viver no deserto, um lugar que muitas vezes associamos à solidão e desolação. No entanto, essa escolha foi estratégica, sendo um lugar fértil para seu crescimento espiritual. Em um mundo tão agitado, a solitude pode ser muito benéfica. Pois não significa estar abandonado, mas sim intencionalmente em quietude, com a finalidade de obter uma conexão mais profunda com Deus.
Sem Distrações
Para cumprir uma missão clara, é essencial focar. No deserto, João esteve longe das distrações da vida cotidiana, permitindo que seu coração e mente se voltassem totalmente para o que Deus queria dele. Fique atento: toda vez que estamos destinados a realizar coisas grandes na terra, o adversário usa as distrações para nos desviar do nosso destino. Você já tentou realizar algo importante e se viu bombardeado de distrações, atrasos, dúvidas, sentindo-se paralisado? Se sim, cubra seu projeto com oração.
Capacitação e Convicção
No deserto, João não apenas se preparou, mas também obteve uma convicção inabalável sobre sua missão. Aqueles que são treinados por Deus passam por períodos de provações. Essas experiências não são em vão; elas validam nossa mensagem e nos dão autoridade para cumprir nosso propósito. Como Romanos 5:3-4 nos ensina, “a tribulação produz a paciência, e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança”.
“Até Aparecer Publicamente”
O Aparecimento de João Batista e Jesus
Antes de qualquer grande missão, há sempre um tempo de preparação. Tanto João Batista quanto Jesus passaram 30 anos sendo moldados para cumprir suas missões de forma impecável. João, com uma vida no deserto, e Jesus, vivendo em Nazaré, ambos demonstraram, que quanto maior o chamado, mais intenso e longo é o tempo de preparação.
Excelência no Cumprimento do Propósito
João Batista, em apenas seis meses de ministério, cumpriu sua missão de preparar o caminho para o Messias. Enquanto ele pregava e batizava no deserto, muitos questionavam sobre quem ele realmente era. Sua resposta foi firme e completa de verdade: “Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor” (João 1:23). Alguns até perguntaram se ele era o Cristo, mas João sempre deixou claro que seu papel era apontar para Aquele que viria depois dele. Até que, finalmente, João viu Jesus se aproximando e declarou diante de todos: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Com essas palavras, ele completou seu propósito de vida e cumpriu-se a profecia que o acompanhava desde o ventre.
Jesus e a Plenitude do Seu Ministério
Assim como João, Jesus cumpriu Seu ministério com excelência. Em três anos e meio, Ele realizou uma série de missões que marcaram eternamente a humanidade: ensinou, curou, restaurou e, acima de tudo, se entregou na cruz e ressuscitou para nos dar vida. O fruto da maturação de Jesus foi um ministério que não só transformou o tempo em que viveu, mas que continua a transformar vidas até hoje. Jesus nos ensina que o tempo de preparo é necessário para a excelência no cumprimento do propósito. Afinal, “há tempo para todo propósito debaixo do céu” (Eclesiastes 3:1).
Conclusão
É evidente que Jesus e João Batista tiveram chamados de vida únicos e que, portanto, o tempo do preparo de ambos foi compatível com o peso do propósito. Lembremos: quanto maior o chamado, mais longo e intenso deve ser o preparo. Muitas vezes, podemos nos perguntar por que estamos passando por certos processos, mas Deus usa cada etapa para nos moldar e nos preparar para algo maior.
Certamente, não é de qualquer maneira que alcançamos a excelência, mas ela vem com o tempo. Às vezes, deixamos de atender uma missão eminente, porque a consideramos insignificante ou temos a presunção de só fazer “se for perfeito”. Agindo assim, perdemos a oportunidade de Deus nos confiar outras e maiores missões. Pois Ele só dá a segunda, para quem executou a primeira. E assim, molda-nos, com paciência, até que alcemos nosso potencial máximo.
Há uma frase assim: “feito é melhor que perfeito”. Não quer dizer “relaxado”, mas feito no tempo em que precisava ser feito e com habilidades que temos na ocasião. Assim, de missão em missão, venceremos o imediatismo e seguiremos “como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Provérbios 4:18), cumprindo nosso propósito com excelência.
Comments
Estou te acompanhando e gostando do que está escrevendo. Parabéns!
Author
Que benção! Ficamos muito feliz!